quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Preço de um sonho!

É comum o torcedor se emocionar ao
testemunhar a premiação de um atleta,
elevando seu esforço a ato de heroísmo
e bravura. Mas existe uma diferença
entre a vida do atleta que é apresentada
pelos meios de comunicação e sua vida
real. Este artigo discute tais diferenças,
com base em pesquisa acadêmica em
que foram realizadas entrevistas com
atletas e profissionais do voleibol e uma
análise da cobertura dos Jogos Olímpicos
de Atenas feita pela imprensa
brasileira. Tendo como foco o indivíduo,
discute-se o papel da mídia na constru-
Palavras-chave
midiática
“lógica impecável”
e necessidades sejam sempre
satisfeitos.
– a magia do consumo, provavelmente
– que, na sua gratuidade, oferece
à cultura da Comunicação de Massa existente.

Pense nisso!
garante que desejos“Existe alguma instância

As imagens e relatos produzidos
pelos meios de comunicação
de massa são representações da
sociedade que os produziu. Rocha
(1995) defende a existência de uma
sociedade “dentro” da Indústria Cultural,
que seria uma representação
da sociedade moderna, criada por
ela mesma. Ele identifica quatro dimensões
que seriam comuns às
duas sociedades – a real e a da representação
– mas que teriam características
diversas em cada uma delas:
economia, Estado, individualismo
e temporalidade. O autor tomou
os anúncios publicitários como
objeto de estudo, mas suas idéias
foram utilizadas, com as devidas
adaptações, para caracterizar a sociedade
de representação do mundo
do esporte.
A sociedade da Indústria
Cultural é uma sociedade em que a
economia está “resolvida”, ou seja,
é uma sociedade de abundância, bem
sucedida economicamente. No esporte,
o exemplo mais explícito é o dos
jogadores de futebol, cujos salários
milionários são freqüentemente alardeados
pelos noticiários esportivos.
Rocha (1995) defende ainda que, no
mundo dentro dos comerciais publicitários,
os resultados econômicos
não dependem de trabalho ou de
esforço, como acontece na sociedade
capitalista. Pelo contrário, uma
: herói, atleta e imagem
ção de um discurso idealizado sobre o
atleta, em que ele é elevado à condição
de herói, ser talentoso e dotado de
capacidades sobre-humanas. Com base
em suas experiências, atletas, médicos,
treinadores e outros profissionais
apontam e avaliam os sacrifícios exigidos
pela competição em alto nível – contusões,
abandono da escola e pressão
psicológica por resultados – como
possíveis fontes de problemas na
formação humana dos jovens atletas
brasileiros.

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